Em mais uma etapa do Projeto Tapajós Solar, o sistema fotovoltaico foi implantado nos dois espaços e já apresenta resultados no âmbito econômico, social e ambiental
Com o lema “Uma energia boa para salvar nosso rio”, o Projeto Tapajós Solar, que é desenvolvido pelo Movimento Tapajós Vivo (MTV), segue trazendo uma alternativa de energia limpa e sustentável para a região, sem precisar destruir o rio Tapajós. Dessa vez, as entidades beneficiadas são a sede do Sindicato do Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém (STTR) e o Centro de Formação e Treinamento Agrícola Francisco Roque (Espaço Chico Roque).
O STTR de Santarém foi fundado em 04 de dezembro de 1974. Atualmente conta com aproximadamente 260 delegacias sindicais e cerca de 4300 sócios ativos. As delegacias são distribuídas em nove regiões do munícipio de Santarém, sendo elas: Várzea, Arapixuna, Lago Grande, Arapiuns, Tapajós, Eixo Forte, Cuiabá, Curuá-Una e Ituqui.
O Espaço Chico Roque foi inaugurado no dia 26 de janeiro de 1992, e foi criado para formação sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. A construção do espaço ocorreu através de uma articulação com um sindicato de trabalhadores da Itália.
Manoel Edivaldo Santos Matos, popularmente conhecido como “Peixe”, é o atual presidente do STTR Santarém, e é responsável administrativamente pelo Espaço Chico Roque, uma vez que o local pertence ao sindicato. Segundo Peixe, a implantação do sistema solar chegou como um presente, pois já era um dos objetivos da entidade.
“Pra nós do sindicato foi um presente de Deus, pois a gente sem esperar surge a proposta do Movimento Tapajós Vivo. E a princípio, a proposta era só implantar a solarização do espaço Chico Roque, e durante nossas conversas surgiu a oportunidade de também implantar na sede do sindicato. Então foi uma maravilha, e nós acolhemos de braços abertos, pois era uma ideia que estava no nosso planejamento, onde já havíamos feito uma consulta dos custos e equipamentos, mas não tínhamos condições financeiras para realizar.”
Ainda segundo Peixe, além dos benefícios econômicos, é importante destacar outros benefícios que a implantação da energia solar já está trazendo.
“No impacto econômico foi imediato, em média o custo mensal no Chico Roque era de 406 reais, agora está em 90 reais por mês. Já na sede do sindicato, em média o custo mensal era 2100 reais e agora está em 250 reais por mês. Isso significa uma redução muito grande para os cofres do sindicato. Além do econômico, a gente destaca os benefícios político e socioambiental, pois esse projeto ele demonstra na prática que essa alternativa de energia é possível ser implantada em comunidades e entidades com baixo impacto ambiental.”
A implantação do projeto no sindicato fortalece a luta na defesa do território, como pontua Peixe.
“A gente avalia em dois aspectos. Primeiro, com a economia de recurso financeiro que era encaminhado para a concessionária de energia, o sindicato pode usar este recurso para ser investido em ações sindicais, como as lutas pela defesa dos direitos territoriais. O outro, é o aspecto do ponto de vista político, isto é, o movimento sindical e social tem como provar que é possível implantar esse modelo de energia em comunidades rurais, mesmo onde não tem energia elétrica. Para isso é necessário cobrar dos governantes e vemos que eles não tem interesse, pois querem só saber de barrar o rio, e pra nós isso não é energia limpa. Só traz impactos para a floresta e o rio, e traz consequências como doenças da malária e também coloca metil mercúrio na água. Então esse projeto traz essa mensagem de fortalecer a luta e defesa dos territórios”
Desde 1980 até os dias atuais, uma das tarefas do STTR de Santarém é representar e defender os direitos do trabalhador e da trabalhadora rural, promovendo o fortalecimento da agricultura familiar e oportunizando melhor qualidade de vida às famílias dos agricultores.
Um dos grandes desafios do sindicato neste atual cenário, onde o governo federal articula e tenta de todas as maneiras o desmonte das políticas ambientais, é a garantia e permanência do trabalhador e trabalhadora rural em suas terras. A luta não só do sindicato, mas de todos tem sido pela permanência no território.
As instalações dos sistemas solar na sede do STTR/STM e no Centro de formação Chico Roque é devido ao fato de que o MTV tem esses espaços como agentes de transformação sociopolítico e socioambiental, além de ser parceiro na luta popular no território do Tapajós.
O Projeto Tapajós Solar é coordenado e executado pelo Movimento Tapajós Vivo em parceria com o Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental que objetiva o incentivo do uso das energias renováveis com a instalação de sistemas fotovoltaicos em espaços coletivos de organizações parceiras na luta pela vida do rio Tapajós e a soberania dos seus povos. O projeto tem apoio da Misereor e Cáritas Brasileira.
Sobre o Movimento Tapajós Vivo
O Movimento Tapajós Vivo (MTV), criado no ano de 2009, é uma entidade, e acima de tudo, é um coletivo organizado através da união de militantes da sociedade civil que lutam pela soberania dos povos da Amazônia, em especial na bacia do Tapajós.
Ao longo dos anos de sua existência, o MTV já foi protagonista, e também já fortaleceu inúmeras lutas em defesa do território contra a ganância de grandes empreendimentos. É um coletivo que não é apenas contra projetos desastrosos para a região, mas apresenta alternativas que fazem bem para o povo e o meio ambiente, um exemplo disso é o Projeto Tapajós Solar, que tem como objetivo a solarização de espaços coletivos e o incentivo as pessoas a prática do uso de energias renováveis na região do Tapajós.
Comentários